Relato
![](https://lh3.googleusercontent.com/blogger_img_proxy/AEn0k_tPYva1pQtbF1GdGWof1JwIj37sAs7IjHimAfSdE-ZwZ32wns3ppjfIDqYHvsN4fSGvwGTgIVBEoQVMxkD6Pb3N9uiVCT5V0Pg=s0-d)
Nascido no submundo, o crack se espalhou também entre a classe média. No último dia da série, O POVO mostra a história de um jovem de 22 anos que viu sua vida desmoronar depois que experimentou a droga
Hoje, aos 22 anos, Rafael (nome fictício) está se preparando para ser monitor do Instituto Volta a Vida, uma das comunidades terapêuticas para tratamento de usuários de drogas em Fortaleza. Longe do vício há oito meses, agora ele vai ajudar outros jovens que também tiveram suas vidas destruídas pelo crack.
A história de Rafael parece roteiro de filme, mas é vida real. Para sustentar o vício, furtou objetos de casa, se envolveu com quadrilha de clonagem de cartões, virou traficante, se prostituiu. ´Nem eu tava me suportando. Tava com nojo de mim mesmo´. A seguir, os principais trechos da entrevista feita na última sexta-feira.
O início
Meu contato com as drogas foi a partir dos 12 anos. Me sentia livre pra fazer o que quisesse, uma liberdade além do que eu poderia ter na minha infância. Sempre fui muito curioso, danado. Comecei a fumar cigarro, conhecer o mundo, bebida alcoólica, mulheres. E isso foi progressivo, tudo foi aumentando. Um ano depois, tive o primeiro contato com a maconha.
O crack
Na época, o crack não era tão popular assim, era mais pra mendigo, pessoal de baixa renda. Só que comecei a ver que muitas pessoas usavam e comecei a perder o medo. Um dia fui pra favela buscar maconha, mas tava faltando e o cara chegou e ofereceu o crack. Já sabia como usava e resolvi provar.
Efeitos no organismo
Quando conheci o crack, posso dizer que foi amor à primeira vista. Me tirava completamente da realidade, meu pensamento saía de mim. Era um prazer intenso, euforia muito forte. O efeito é muito rápido. E tem a famosa fissura do crack. É incontrolável.
Furtos
Comecei a vender as coisas dentro de casa. Minhas roupas, da minha irmã, da minha mãe, coisas do meu pai. Teve uma vez que peguei uma quantidade absurda de joias da esposa do meu pai. Também fazia furtos na rua. Com 16 anos, eu já tava fazendo furto de som de carro, com uma gangue. Minha família vive bem, é tranquila financeiramente, mas eu cheguei a esse ponto. Não tinha coragem de assaltar a mão armada, mas fazia furto. Teve uma época que também me envolvi com clonagem de cartões de crédito.
Tráfico
Por algum tempo virei traficante para sustentar meu vício. Comecei a vender crack, maconha. Eu comprava uma quantidade grande - um pouco mais barato - e vendia para outras pessoas com uma margem de lucro. Mas nunca consegui dar continuidade porque minha compulsão (por droga) era muito mais forte do que qualquer outra coisa e eu acabava consumindo o que era pra vender. Tinha vez que nem pagava o traficante, ficava fugindo. Deus me ajudou muito nessa parte, de eu não ter morrido. Porque me ameaçavam de morte. Eu já vi várias pessoas morrerem por estarem devendo muito menos do que eu devia.
Prostituição
O uso (de crack) continuou forte. Chegou ao ponto de eu me prostituir homossexualmente pra conseguir dinheiro. Não tenho dificuldade de falar disso. Sou muito seguro da minha opção sexual, mas para conseguir droga cheguei a esse ponto. Me prostituir com homossexuais que eram ricos. Eles me levavam pras festas, davam droga, dinheiro, em troca eu transava. Nem eu tava me suportando. Tava com nojo de mim mesmo.
Internação
Um dia, minha irmã de 14 anos bateu na porta do meu quarto, chorando. Ficou me questionando: ´Nossa mãe tem feito tudo por ti a vida toda e você nesse estado. O que você está fazendo da sua vida?´ Aquilo me tocou profundamente. Passaram duas coisas na minha cabeça: ´Vou tentar me matar. Se eu não conseguir, vou dar um jeito de não usar mais droga´. Ou ia morrer ou ia me internar. Usei uma quantidade enorme de crack pra me matar, mas não morri. Pensei: ´Deus não quer que eu morra.´ Procurei a internação.
Tratamento
Fiz o tratamento de uma forma que nunca tinha feito na minha vida. Já tinha tentado mudar de religião, de cidade, de namorada, de emprego, vários tipos de tratamento e nunca funcionou. Aqui (no Instituto Volta a Vida) foi diferente. Conclui meu tratamento e hoje faço parte da equipe, treinando pra ser monitor.
Autor: Tiago Braga - O Povo
Fonte: UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas
Hoje, aos 22 anos, Rafael (nome fictício) está se preparando para ser monitor do Instituto Volta a Vida, uma das comunidades terapêuticas para tratamento de usuários de drogas em Fortaleza. Longe do vício há oito meses, agora ele vai ajudar outros jovens que também tiveram suas vidas destruídas pelo crack.
A história de Rafael parece roteiro de filme, mas é vida real. Para sustentar o vício, furtou objetos de casa, se envolveu com quadrilha de clonagem de cartões, virou traficante, se prostituiu. ´Nem eu tava me suportando. Tava com nojo de mim mesmo´. A seguir, os principais trechos da entrevista feita na última sexta-feira.
O início
Meu contato com as drogas foi a partir dos 12 anos. Me sentia livre pra fazer o que quisesse, uma liberdade além do que eu poderia ter na minha infância. Sempre fui muito curioso, danado. Comecei a fumar cigarro, conhecer o mundo, bebida alcoólica, mulheres. E isso foi progressivo, tudo foi aumentando. Um ano depois, tive o primeiro contato com a maconha.
O crack
Na época, o crack não era tão popular assim, era mais pra mendigo, pessoal de baixa renda. Só que comecei a ver que muitas pessoas usavam e comecei a perder o medo. Um dia fui pra favela buscar maconha, mas tava faltando e o cara chegou e ofereceu o crack. Já sabia como usava e resolvi provar.
Efeitos no organismo
Quando conheci o crack, posso dizer que foi amor à primeira vista. Me tirava completamente da realidade, meu pensamento saía de mim. Era um prazer intenso, euforia muito forte. O efeito é muito rápido. E tem a famosa fissura do crack. É incontrolável.
Furtos
Comecei a vender as coisas dentro de casa. Minhas roupas, da minha irmã, da minha mãe, coisas do meu pai. Teve uma vez que peguei uma quantidade absurda de joias da esposa do meu pai. Também fazia furtos na rua. Com 16 anos, eu já tava fazendo furto de som de carro, com uma gangue. Minha família vive bem, é tranquila financeiramente, mas eu cheguei a esse ponto. Não tinha coragem de assaltar a mão armada, mas fazia furto. Teve uma época que também me envolvi com clonagem de cartões de crédito.
Tráfico
Por algum tempo virei traficante para sustentar meu vício. Comecei a vender crack, maconha. Eu comprava uma quantidade grande - um pouco mais barato - e vendia para outras pessoas com uma margem de lucro. Mas nunca consegui dar continuidade porque minha compulsão (por droga) era muito mais forte do que qualquer outra coisa e eu acabava consumindo o que era pra vender. Tinha vez que nem pagava o traficante, ficava fugindo. Deus me ajudou muito nessa parte, de eu não ter morrido. Porque me ameaçavam de morte. Eu já vi várias pessoas morrerem por estarem devendo muito menos do que eu devia.
Prostituição
O uso (de crack) continuou forte. Chegou ao ponto de eu me prostituir homossexualmente pra conseguir dinheiro. Não tenho dificuldade de falar disso. Sou muito seguro da minha opção sexual, mas para conseguir droga cheguei a esse ponto. Me prostituir com homossexuais que eram ricos. Eles me levavam pras festas, davam droga, dinheiro, em troca eu transava. Nem eu tava me suportando. Tava com nojo de mim mesmo.
Internação
Um dia, minha irmã de 14 anos bateu na porta do meu quarto, chorando. Ficou me questionando: ´Nossa mãe tem feito tudo por ti a vida toda e você nesse estado. O que você está fazendo da sua vida?´ Aquilo me tocou profundamente. Passaram duas coisas na minha cabeça: ´Vou tentar me matar. Se eu não conseguir, vou dar um jeito de não usar mais droga´. Ou ia morrer ou ia me internar. Usei uma quantidade enorme de crack pra me matar, mas não morri. Pensei: ´Deus não quer que eu morra.´ Procurei a internação.
Tratamento
Fiz o tratamento de uma forma que nunca tinha feito na minha vida. Já tinha tentado mudar de religião, de cidade, de namorada, de emprego, vários tipos de tratamento e nunca funcionou. Aqui (no Instituto Volta a Vida) foi diferente. Conclui meu tratamento e hoje faço parte da equipe, treinando pra ser monitor.
Autor: Tiago Braga - O Povo
Fonte: UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas
Mais relatos no site http://www.antidrogas.com.br/relatos.php
Trabalho de: Aline, Daniel, Kaique, Luan Silva, thatyane e thalita.(1°grupo a se apresentar trazendo uma introdução aos demais aluno) texto lido pelas alunas Aline & thatyane.
Postado por; Daniel
Trabalho de: Aline, Daniel, Kaique, Luan Silva, thatyane e thalita.(1°grupo a se apresentar trazendo uma introdução aos demais aluno) texto lido pelas alunas Aline & thatyane.
Postado por; Daniel
Nenhum comentário:
Postar um comentário